Justiça manda soltar pajé indiciado por tráfico de drogas

manoel_pedroga_tjac_set09_1.jpgManoel Pedroga (foto) disse que "Poder Judiciário
decide de acordo com as provas, e não sob pressão".

O juiz substituto da comarca de Taraucá (AC),
Manoel Pedroga, deferiu nesta sexta-feira
(22) o pedido de liberdade provisória apresentado
pela Defensoria Pública em benefício do pajé
indígena José Guilherme Nunes, flagrado pela polícia da cidade com 17
trouxinhas de maconha.

De acordo com a decisão, a despeito de ter sido indiciado por tráfico
de drogas e a lei vedar a concessão de liberdade provisória, o juiz
entendeu que José Nunes pode responder o processo em liberdade,
 "já que o magistrado deve analisar a Lei de Drogas juntamente com
os dispositivos do Código de Processo Penal e estando ausentes os
 requisitos da prisão preventiva deve o agente ser colocado em
 liberdade".

Na quarta-feira (20), pintados para guerra e armados com arcos e
flechas, mais de 200 índios se deslocaram de Feijó para Tarauacá,
onde realizaram um protesto contra a prisão de Nunes em frente ao
fórum, forçando o juiz a pedir proteção policial.

Na decisão, Pedroga assinala que "o Poder Judiciário decide de
acordo com as provas apresentadas e não sob pressão popular,
fazendo a justiça no caso concreto, mantendo ou não a prisão."

O pajé disse, em depoimento à polícia, que fabrica um chá que é
 ministrado aos doentes e que ele é o único que fuma maconha
na tribo. A defesa alegou que existem dois laudos toxicológicos
da substância vegetal, sendo que apenas o primeiro constata
 presença de maconha.

O magistrado afirma na decisão que o laudo com resultado negativo
 refere-se ao frasco contendo uma substância medicinal denominada
 "dalcunhe". Segundo Pedroga, a materialidade vem confirmada no
primeiro laudo, sendo o resultado positivo para maconha. Ele não
acolheu a alegação e considerou legal a prisão do indígena.

Durante interrogatório, Nunes disse que pagou R$ 80 pela droga,
mas imaginava que a maconha era natural, sem produto químico
 misturado. Nunes alegou que a "maconha é utilizada para curar
as pessoas que estão doentes".

Ele alegou que pretendia levar a maconha para a aldeia, pois no
 dia 19 de abril, Dia do Índio, quando aconteceria festividades.

Altino Machado
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