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DEIXEM-NOS CALÇAR O SAPATO QUE QUEREMOS !

Acompanho a  novela da eliminação _ no tapetão _ do Rio Branco, time representante do Acre na série C do brasileiro. O time que era líder de sua chave e, portanto, classificado para próxima fase, corre o risco, agora, de ser rebaixado para a série D.

Não me interessa aqui as regras do STJD e seus julgamentos subliminares. Falta moral àqueles senhores para julgar qualquer coisa. Não sou eu quem o digo, são os fatos que melindram. O extenso histórico deixa tudo sob suspeitas.

O que me interessa aqui é o inicio de tudo isso e o que implica. E o tudo começou quando uma promotora de justiça de Rio Branco , que com base no Estatuto do Torcedor e no Código de Defesa do Consumidor, solicitou a interdição do estádio Arena da Floresta .

Uma das alegação foi  " a falta de segurança para torcida "

Vamos a alguns fatos e perguntas:

O estádio Arena da Floresta é uma construção nova (2004) e figura como uma dos mais modernos do país em termos de estrutura. Se ele não oferece condições  o que dizer de centenas de estádios espalhados por este país, inclusive alguns que recebem jogos da série A ? Não existe Estatuto do Torcedor e Código de Defesa do Consumidor fora do Acre ? Ou falta a promotoria ?

O histórico de violência no e do estádio , assim como qualquer outro do Acre, é ZERO pelo simples fato de não termos aqui a cultura de torcida organizada, que vai aos jogos para enfrentar outra torcida. Os pequenos grupos que comparecem são formados por crianças, idosos e pais de família. No Acre jogo de futebol ainda é " programa de família"

Recentemente no mesmo estádio aconteceram jogos pelo campeonato acreano, portanto jogos de "02 torcidas" e nem por isso ocorreram confrontos nas arquibancadas.Como poderia ocorrer confronto entre torcidas no brasileiro da série C, quando só se tem torcedor do mesmo time, no caso a equipe acreana ?

E outra questão me surge : Os torcedores que compareceram ao Arena nos jogos do campeonato acreano, também não mereciam  " segurança" ?  O que mudou ?

Mas ainda não é isso o que me preocupa na real. A vida de ninguém vai mudar com a desclassificação covarde do Rio Branco. Covarde sim, por que eu queria ver se fosse Flamengo, Corinthians, São Paulo...se haveria o mesmo entendimento para o mesmo caso no mesmo tribunal.

Como disse, não é essa minha preocupação. O que me preocupa mesmo é o excesso de "zelo da justiça"  sobre a vida dos indivíduos e do coletivo. Observar-se no caso em tela que a solicitação de segurança não partiu do torcedor, do contribuinte. Ninguém provocou a justiça. Partiu " da lei " e da visão unilateral da promotora que quis interferir no futuro, sem entender o pretérito.

Não consigo entender o por quê de eu torcedor, que não cometi crime nenhum , não poder ir ao estádio. Será que não temos mais nem a capacidade de saber o que é bom para conosco ? É preciso alguém ficar se preocupando com a minha " segurança". Eu preciso realmente da tutela da promotoria a guiar meus passos ?

Inevitável , não lembrar o caso  da água  aqui em Cruzeiro do Sul, quando a promotoria mandou lacrar as torneiras  pertencentes a um comerciante que distribuía, gratuitamente, o precioso líquido para a população. Usou-se o argumento de que " não era potável " , portanto, imprópria para o consumo.

Posso fumar, posso ingerir álcool , mas não posso beber a água que bem entender e nem ir ao estádio por minha conta e risco ? Será que perdemos a capacidade de autonomia ?

Deixem-nos beber a água " não-potável ", preocupem-se com quem não nos oferece a água potável.  Deixem- nos ir ao estádio que nós bem escolhermos. Sabemos o número do sapato que calçamos. Não precisamos tanto assim da "lei". Precisamos sim é de liberdade e empatia.

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