Não durou muito a declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sustentando que não havia evidencias de que o PSDB tivesse ligações com o esquema de corrupção no caso do trem da alegria tucano paulista. Nesta semana, ele havia dito que “não apareceu o PSDB recebendo dinheiro, não comprou ninguém com esse dinheiro. Pode ter havido corrupção, mas é pessoal".
A IstoÉ que chegou às bancas hoje desmente essa declaração. A reportagem de capa resume: “Todos os homens do propinoduto tucano”.
“O escândalo do Metrô em São Paulo já tem identificada a participação de agentes públicos ligados ao partido instalado no poder. Em troca do aval para deixar as falcatruas correrem soltas e multiplicarem os lucros do cartel, quadros importantes do PSDB levaram propina e azeitaram um propinoduto que desviou recursos públicos para alimentar campanhas eleitorais”, diz a revista.
“Ao contrário do que afirmaram o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-governador José Serra na quinta-feira 15, servidores de primeiro e segundo escalões da administração paulista envolvidos no escândalo são ligados aos principais líderes tucanos no Estado. Isso já está claro nas investigações.”
A IstoÉ afirma que “pelo menos cinco autoridades envolvidas na engrenagem criminosa, hoje sob investigação por terem firmado contratos irregulares ou intermediado o recebimento de suborno, atuaram sob o comando de dois homens de confiança de José Serra e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin: seus secretários de Transportes Metropolitanos. José Luiz Portella, secretário de Serra, e Jurandir Fernandes, secretário de Alckmin, chefiaram de perto e coordenaram as atividades dos altos executivos enrolados na investigação. O grupo é composto pelos técnicos Décio Tambelli, ex-diretor de operação do Metrô e atualmente coordenador da Comissão de Monitoramento das Concessões e Permissões da Secretaria de Transportes Metropolitanos, José Luiz Lavorente, diretor de Operação e Manutenção da CPTM, Ademir Venâncio, ex- diretor de engenharia da estatal de trens, e os ex-presidentes do metrô e da CPTM, José Jorge Fagali e Sérgio Avelleda”.
“Em troca de benefícios para si ou para os governos tucanos, forneciam informações privilegiadas, direcionavam licitações ou faziam vista grossa para prejuízos milionários ao erário paulista em contratos superfaturados firmados pelo metrô.”
A reportagem traz diversos detalhes sobre o esquema. Clique aqui para ver
A histeria tucana está explicada
Mesmo com todas essas revelações, o tucanato continua dizendo que as investigações têm caráter político. Tudo o que já veio à tona mostra que isso não faz o menor sentido.
Ontem, o presidente do CADE (Conselho de Administração e Defesa Econômica), Vinícius Marques de Carvalho, disse que investigação é prioridade do órgão e não tem nada de política.
“Não vou fazer juízo de valor sobre essa questão da politização. O que eu posso dizer é que o procedimento que o Cade tem adotado nessa investigação é o mesmo em todas as investigações. E eu não posso aceitar esse tipo de acusação de politização quando uma empresa vem ao Cade e faz uma denúncia, e pede para fazer um acordo de leniência. Não fomos nós, não foi o Cade, não foi a Superintendência, ou Ministério da Justiça que procurou a empresa atrás de uma licitação especifica. A empresa que procurou o Cade. Nesse contexto, como o Cade pode ser acusado de estar politizando, ou ter escolhido determinados contratos para analisar?”, questionou.
O presidente do CADE também deu uma informação importante sobre o caso: no momento, estão sendo analisados 30 mil gigabytes de informações apreendidos durante as investigações. Isso explica a histeria e o desespero dos vestais tucanos, líderes, governadores, ex-governadores, senadores e deputados, cujos nomes aos poucos aparecem ou aparecerão à medida que as investigações avançam.