Aproximadamente 382 mil professores em atividade no Brasil não poderiam lecionar, porque não têm diplomas adequados. No Acre, de oito mil professores, 2,5 mil estão concluindo a faculdade e mais de cinco mil estão concluindo o 2° grau.
O Ministério de Educação (MEC) avaliou que há 119 mil professores leigos, que cursaram no máximo até o ensino médio; 127 mil docentes com diploma de nível superior mas sem o curso de licenciatura, exigido para o magistério; e 136 mil professores que têm apenas o curso de normal ou de magistério e não poderiam lecionar para alunos da 5ª à 8ª série de ensino fundamental ou para o ensino médio.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Educação no Acre (Sinteac) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Manoel Lima, diz que a educação no Acre teve avanços em todas as etapas - formação, espaço físico adequado e salário – e não pode ser comparada com a educação do restante do Brasil.
“A realidade hoje é diferente da maioria das regiões brasileiras. Nós emplacamos luta há 20 anos. Há 18 anos, professores da 4ª série lecionavam para alunos da 4ª série, de 2° grau para alunos de 2° grau. Pela força e luta, começamos em busca de formação para os professores. Esse problema era acentuado principalmente na zona rural”, disse Manoel.
Manoel explica que o primeiro curso de formação de professores para o 1° grau foi o Ajuri. Já para o 2° grau, o Apronti.
“Em 2010, todos os professores de nível estadual terão nível superior. Agora, em setembro, haverá um curso técnico para os funcionários das escolas para também terem ensino superior”, destacou.
DISCIPLINAS
Entre docentes da 5ª à 8ª série com nível superior, mais da metade é formada em curso diferente da disciplina que leciona. O caso mais problemático é de ciências, apenas 20,7% têm diploma específico.
O problema mais grave, nas séries de ensino fundamental, ocorre em artes: apenas 25,7% dos professores se enquadram no critério. Em matemática, apenas 44,7% são formados na disciplina. Já no ensino médio o problema é em física, somente 39,4% dos docentes são formados na área.
Formação para professores
O Ministério da Educação lançou nesta quinta-feira, 28, o primeiro Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica. A intenção é formar, nos próximos cinco anos, 330 mil professores que atuam na educação básica e ainda não são graduados.
Os cursos serão oferecidos tanto na modalidade presencial como a distância, pela Universidade Aberta do Brasil (UAB), e alguns já devem começar no segundo semestre deste ano. Outros têm início previsto para 2010 e 2011.
Das 27 unidades da federação, 21 especificaram suas demandas de formação no plano estratégico. Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Acre, Rondônia e Distrito Federal não elaboraram o plano. Os três últimos manifestaram desejo de entrar no plano de formação continuada, já que a quase totalidade de seus professores já é graduada.
“O professor do Acre ganha R$ 1.675 para trabalhar 30 horas. Em Alagoas, por exemplo, a jornada de trabalho é 40 horas e eles ganham R$ 400. Nosso objetivo é avançar muito mais. Depois de formado ainda há chance na formação continuada”, concluiu Manoel Lima. (Ana Paula Batalha)
Mais de 5 mil professores não têm curso superior
João Rego
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