A pequena diferença de votos entre os candidatos Tião Viana [PT] e Tião Bocalom [PSDB], favorável ao petista, poderia ter sido facilmente tirada, caso os candidatos majoritários da oposição tivessem recebido atenção e dedicação do prefeito Dindim Pinheiro. A acusação vem de dentro do diretório regional do PSDB no Acre. A revolta é porque no município comandado pelo prefeito tucano, o PT ganhou de cabo a rabo e como se diz na gíria popular, fez barba cabelo e bigode [presidente, governador e senador].
Mas de Feijó, o prefeito Dindim Pinheiro mandou avisar a seus correligionários que as insinuações de que ele seria culpado pelo insucesso de Tião Bocalom devem “entrar num ouvido e sair no outro”. Um dos prefeitos mais festejados pelos moradores de seu município, Dindim justifica que não consegue “transferir votos para almas”, numa alusão ao sumiço dos candidatos majoritários durante a campanha.
Segundo o prefeito Dindim Pinheiro, a campanha da oposição em seu município ocorreu por meio de passagens relâmpagos de Tião Bocalom, Sérgio Petecão e João Correia pela cidade. Em muitas das vezes o prefeito alega que nem avisado era. “Para você ter uma idéia, num dos comícios o Bocalom chegou aqui às 11 horas da noite. O povo já estava cansado, maioria tinha ido embora”, reclama o prefeito.
A oposição perdeu pela primeira vez em Cruzeiro do Sul, foi derrotada outra vez em Tarauacá e teve performance indesejável em pequenos municípios como Jordão e Santa Rosa. Mas a polêmica em torno de Feijó era previsível em decorrência de seu prefeito ser polêmico por natureza. Dindim encara a Frente Popular há 14 anos, nunca perdeu e não abre mão de falar o que pensa. “Mesmo que a oposição tivesse sido bastante unida, uma coisa é eu encarar meus adversários aqui, outra coisa é transferir votos. Nem Lula conseguiu transferir votos pra Dilma”, desculpa-se.
A relação de Dindim com a população de Feijó é indiscutível, a partir dos resultados que ele obteve em 14 anos, mesmo ele sendo sempre adversário da Frente Popular. Mas quando se trata de votar para o governo o município sempre menosprezou a oposição. Chicão Brígido e Alércio Dias tomaram um capote de 80% para Jorge Viana em 1998, fenômeno repetido em 2002, quando Viana foi para a reeleição contra Flaviano Melo. Quatro anos mais tarde Marcio Bittar sofrera a mesma derrota. “A oposição dessa vez diminuiu e muito a diferença. Por isso não admito que venham reclamar de mim”, diz o prefeito, que adiantou, inclusive, estar preparado para ser expulso do PSDB, com base na recorrente desunião da oposição. “Se a oposição fosse unida ia sentar todo mundo para ver que ela saiu vencedora, projetar o futuro, mas todo mundo só pensa em si mesmo e querem apontar culpados”, finaliza.
Da redação de ac24horas com Evandro Cordeiro