Petecão assume sua cadeira no Senado federal, afirmando que é senador porque Deus e o povo do Acre assim quiz
Sérgio Oliveira Cunha, conhecido nos quatro cantos do Acre como Sérgio Petecão (PMN), tomou posse agora há pouco no Senado Federal. Aos 50 anos de idade, completados dia 20 de abril passado, e vivendo uma lua-de-mel com a população de seu Estado, o novo senador pelo Acre disse que os próximos quatro anos serão de “intensa entrega pelo Acre”. Ele declarou ao Ac24Horas que vai rodar o Acre “de ponta a ponta” para prestar contas de seu trabalho em Brasília e para “estreitar ainda mais a relação com povo”.
Além de Sérgio Petecão, tomou posse como senador, também, o ex-governador do Acre, Jorge Viana (PT). A solenidade, ocorrida no plenário do Senado, foi conduzida pelo presidente da casa, José Sarney (PMDB), que acaba de ser reeleito para o cargo.
Ao assumir oficialmente uma das 81 vagas no Senado Federal, Sérgio Petecão dá novo paço numa carreira política que iniciou meio despropositada em 1992. Naquele ano, Petecão disputou as eleições para vereador em Rio Branco pelo então PDS, hoje PP, apenas para “cumprir tabela”, em nome da amizade com o então deputado José Bestene, que precisava de votos na chapa de seu partido para eleger vereadora sua irmã, Nabiha Bestene. Petecão acabou surpreendendo o próprio Bestene: obteve 627 votos, mas ficou numa suplência.
Dois anos depois de disputar as eleições para vereador, Sérgio Petecão entra para o PMN e numa chapa “organizada”, segundo ele, pelo deputado federal Narciso Mendes, acabou eleito deputado estadual com mais de 1,6 mil votos. O outro parceiro de partido eleito com ele vinha a ser o polêmico deputado estadual Roberto Filho, cheio de idas e vindas com a Justiça Eleitoral.
Sérgio Petecão obteve três mandatos de deputado estadual, foi por três vezes consecutivas presidente da Assembléia Legislativa do Acre e em 2006 elegeu-se deputado federal, com surpreendente votação superior a 28 mil votos. Daí até a vitória na disputa para o Senado, em 2010, Petecão vive uma graciosa relação com o eleitor do Acre. Foi eleito disputando votos com o segundo candidato apoiado pelo governo, Edvaldo Magalhães (PC do B), sob um forte fogo cruzado, onde argumentos como candidato “piadista” e “brincalhão” viraram instrumentos de disputa para seus adversários. “Superei tudo porque Deus e o povo do Acre quis”, disse no salão negro do senado agora há pouco.
De fabricante de sandálias a “Senador do povo”
Senadores do Acre Petecão, Aníbal Diniz e Jorge Viana ambos estiveram
próximos na sessão de posse
Empossado pelo presidente do Senado, José Sarney, Sérgio Petecão deixou o plenário para cumprimentar assessores e familiares, sob clima de emoção. Casado com Marfisa de Lima Galvão e pai de três filhos, Serginho, 13, Samara, 9, e Pietro, 3, o novo senador acreano foi cercado pela família e por um grande número de assessores que trouxe à Brasília como forma de reconhecer o esforço do grupo na campanha - alguns desses assessores nunca havia saído dos limites de Rio Branco, capital do Acre.
Para decolar a carreira com uma vitória esmagadora para o Senado, Sérgio Petecão enfrentou dilemas do cotidiano, mas alguns deles dramáticos, caso da morte do pai, em 1975. Ele e os cinco irmãos não ficaram de tudo desamparados, mas como mais velho da prole, Petecão foi responsável pela continuação dos pequenos negócios da famílias. Além de um posto de gasolina, o hoje senador criou no Acre, em meados dos anos 1980, uma fábrica de sandálias, “investimento que crescia aceleradamente”, diz ele. Para a época, abrir um negócio dessa natureza era algo ousado. Como até recentemente, o contra-cheque do Estado era o financiador da economia local. A fábrica só não emitiu mais vapor por causa de sua entrada para a política. “Foi o jeito fechar”, reclama atualmente.
Eleito numa disputa caracterizada pelos severos ataques inimigos, Petecão tomou o cafezinho do Senado agora há pouco abraçado ao agora senador Jorge Viana (PT), depois de cumprimentar o terceiro senador pelo Acre, Aníbal Diniz, também do PT. “As diferenças nossas são ideológicas e devem ser incendiadas em campanha. O mesmo interesse que o Jorge e o Aníbal tem em ajudar o Acre, eu tenho”, falou com exclusividade ao ac24Horas.
Voto em Sarney - Sérgio Petecão tomou posse e em seguida votou para presidente do Senado em José Sarney (PMDB). Alegou que seu voto foi uma devolução à gentileza do PMDB acreano na campanha. “Devo isso ao PMDB do Acre e só posso pagar dessa forma”, afirmou.
Fonte: ac24horas
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