Deputado que propôs "cura gay" é do PSDB, mas tucanos silenciam
A Câmara dos Deputados arquivou, finalmente, o projeto maluco que autoriza a "cura gay", de autoria do deputado tucano João Campos (PSDB-GO), depois de a proposta ter sido aprovada na Comissão de Direitos Humanos e Minorias, comandada pelo deputado pastor Marco Feliciano (PSC-SP).
A proposta permitia o tratamento por psicólogos de pacientes que quisessem "reverter" a homossexualidade. O pedido de arquivamento partiu do próprio autor da matéria, com os argumentos mais estapafúrdios. João Campos justificou que seu projeto estava sendo usado para "desviar o foco" das manifestações de rua que há quase um mês se registram em todo o país. Sendo que sua proposta circula há muito mais tempo, vem de bem antes dos protestos, tanto que até já passou por comissões permanentes da Câmara.
“Estão usando esse projeto para desviar o foco. O que os manifestantes querem é saúde, educação, o fim da corrupção. Estão querendo derrubar a proposta para desviar do assunto. Eu não vou deixar isso acontecer”, acusou João Campos.O deputado devia queixar-se a seus próprios pares tucanos que o abandonaram.
Tucanos fingem que o deputado não é da bancada deles
Um estranho silêncio da bancada tucana e do PSDB em geral acompanhou a liquidação da proposta. Quem tem deputado que apresenta um projeto desses deveria manifestar-se contra ou a favor, principalmente no momento do arquivamento. Mas não, o tucanato finge que não é com ele, que o autor da proposta não é de sua bancada. Nessa o tucanato quer manter o verniz de partido moderno e avançado, muito longe do que ele é na realidade.
Mas, atenção, acautelemo-nos, porque o fim da tramitação da matéria encerra uma manobra, denunciada, inclusive, pelo deputado Jean Willys (PSOL-RJ): com a retirada da proposta de pauta, projeto com o mesmo teor pode voltar a ser apresentado já no ano que vem. E se tivesse sido votado e rejeitado pela maioria, um texto semelhante só poderia ser protocolado na próxima legislatura, a partir de 2015.
Por isso Jean Wyllys pediu que o requerimento fosse rejeitado, que a Câmara julgasse e o derrubasse pelo mérito. Lembrou exatamente o que afirmo acima: rejeitada, proposta idêntica só poderia ser novamente apresentada em 2015, enquanto o arquivamento só adia a questão para 2014. “É um projeto inconstitucional. A maioria dos deputados está dando um 'sim" (ao arquivamento) a contragosto porque votaria pela derrubada do projeto, cedendo à pressão popular”, disse.
(Foto: Antonio Cruz/ABr)
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