Em matéria de reformas política e administrativa, cobradas ontem em São Paulo pela dupla-parceira Eduardo Campos-Marina Silva no primeiro encontro dos dirigentes de seus partidos desde que eles se aliaram no dia 5 pp., o PSB não tem nada a ensinar ao PT. Muito menos têm a nos ensinar a Rede e o PSDB.
Esses partidos nunca priorizaram essas reformas em todos estes últimos anos. Nenhuma das três legendas (os integrantes da Rede já faziam política em outros partidos). Não as fizeram nem onde governam. Aliás, na reforma política, atuaram ao contrário do PT, que tem lutado dia e noite por ela na Câmara dos Deputados e nas ruas.
Desde o 1º semestre o PT colhe assinaturas para apresentar ao Congresso Nacional emenda de iniciativa popular que faça a reforma política. A presidenta Dilma Rousseff propôs – no meio deste ano – o plebiscito para que o povo decidisse a reforma. A proposta foi rejeitada pelos líderes oposicionistas.
Da parte deles, é mais retórica eleitoreira do que desejo de reforma
Assim sendo, parece mais retórica eleitoreira do que programa sério para o futuro essa demanda por reformas política e administrativa cobrada agora por esses partidos – PSB e Rede.
“É necessária mudança profunda do sistema político para permitir a emergência de outro modelo de governabilidade, cujos alinhamentos se deem em torno de afinidades programáticas, e não em torno de distribuição de feudos dentro do próprio Estado, do desmantelamento da gestão pública, e do uso caótico, perdulário e dispersivo do orçamento nacional”, cobra o documento-roteiro de discussões do encontro de dirigentes do PSB e da Rede realizado ontem em São Paulo.
Atacam, também, a base do sistema político, que “permanece impregnada de práticas atrasadas, permeadas por uma persistente cultura patrimonialista”, voltada para “acordos circunstanciais de ocupação de postos de poder e de alocação casuística de recursos públicos”.
A prática política exige como um de seus critérios a verdade
Não foram diferentes desse documento os pronunciamentos feitos por Marina Silva na abertura e por Eduardo Campos no encerramento do encontro. Foram na linha do ataque ao que definem como a prática de lotear cargos em troca de apoio no Congresso. Ela defende que é possível governar o país sem uma base de apoio formada nos moldes políticos tradicionais. Ele, depois da aliança PSB/Rede – fechada no último dia 5 -, incorporou o discurso dela e também ataca o modelo de distribuição de cargos a aliados políticos.
Já o governo de Pernambuco, comandado por ele, abriga 14 partidos em sua base. E Eduardo Campos não viu problemas em colocar na administração estadual pessoas que o ajudaram a se eleger nos pleitos de 2006 e 2010. O próprio Eduardo Campos foi ministro do Ciência, Tecnologia e Informação no 1º governo Lula, num presidencialismo de coalizão, como representante de seu partido que integrava a base do governo. O PSB, aliás, fez parte da base aliada do governo da presidenta Dilma até meados de setembro pp. e só decidiu entregar os cargos para articular a candidatura própria do governador de Pernambuco ao Planalto.
PT, uma história diferente, de luta comprovada
Além de termos, nós do PT, uma história comprovada de luta dia e noite pela reforma política, temos em relação a essas outras legendas a diferença de que não discriminamos os governos e partidos de oposição onde administramos. Já a prática discriminatória do PSDB, por exemplo, está aí para quem quiser conferir.
A verdade é que o presidencialismo de coalizão é um fato. Como é um fato governos de coalizão dos tucanos em São Paulo e do governador Eduardo Campos em Pernambuco. Apesar da cobrança que fazem Eduardo e Marina, a reforma política nunca pôde contar com PSB, Rede e PSDB.
Ela não sai porque não há consenso. Sendo assim, a saída é mesmo uma consulta popular – o plebiscito, como propôs a presidenta Dilma, ou a aprovação e convocação de uma constituinte exclusiva. O que têm a dizer sobre isso a Rede e o PSB?


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