A oposição definiu para 10 de março o prazo para a definição da chapa majoritária das Eleições 2014. É logo após a semana de Carnaval (de preferência sem ressaca) que os oposicionistas irão apresentar aos eleitores os nomes dos candidatos a governador, vice, senador e os dois suplentes. Até lá, os arranjos políticos precisam ser bem feitos para evitar o espatifamento do G10, ou o “conselhão” como alguns preferem dizer.
À primeira vista a tarefa parece não ser fácil. Afinal, três bons nomes estão na disputa pela cabeça de chapa para o Palácio Rio Branco: Henrique Afonso (PV), Vagner Sales (PMDB) e Márcio Bittar (PSDB). Dos três, somente o verde e o tucano trabalham de forma mais contundente para uma eventual viabilização.
O prefeito de Cruzeiro do Sul faz apenas uma marcação de território para garantir um bom lugar ao Sol a ele e aos peemedebistas. O grupo tenta aparentar um clima de harmonia e paz e amor. Mas em política o jogo nem sempre é assim; espaço é fundamental, e fazer concessões sempre deixa sequelas.
O jogo está definido para ser Márcio Bittar (PSDB) candidato ao governo, Henrique Afonso (PV) de vice, Gladson Cameli (PP) ao Senado e o PMDB indicando o primeiro-suplente., com o segundo ficando a critério dos demais partidos.
A priori o PMDB teria a preferência em indicar o vice, mas o partido carece de bons nomes; ter até tem. A vereadora Eliane Sinhasique (PMDB) descarta a disputa majoritária; a deputada Antônia Sales (esposa de Vagner) atenderia aos critérios principais: ser mulher e do Juruá. Mas ela também não mostra simpatia com a ideia.
Vagner Sales seria a grande cartada, mas seus problemas na Justiça poderia inviabilizar a chapa. Com estes cenários, o PV tem o caminho livre. Henrique Afonso aglutinaria ao ser um militante de peso no Vale do Juruá e atrair o voto dos evangélicos, que hoje correspondem a quase metade da população do Acre.
A oposição tem os ventos sobrando a seu favor, só resta encontrar a fórmula ensinada por Jorge Viana (PT): o menor dano nas negociações, mas que seu próprio irmão não tem levado em consideração.
Incertezas cristãs
A deputada Antônia Lúcia (PSC) está para lá e para cá dentro da oposição. Uma hora sinaliza com o grupo do DEM/PSD, ora diz estar definida com o “conselhão”. Mas, de acordo com fontes, na próxima semana ela bate o martelo: vai mesmo caminhar na chapa de Bittar e Cameli. Ela avaliou que as chances de reeleição por lá são bem maiores.
A la carte
Antônia Lúcia analisa friamente onde pode ter maiores perspectivas de vitória. No DEM/PSD teria que sofrer para obter uma votação expressiva para se reeleger sozinha. No “conselhão” terá concorrentes de peso, como Flaviano Melo (PMDB) e Márcia Bittar (PSDB), mas pode assegurar a permanência na Câmara de carona com os votos da coligação. Tudo vai depender de como o grupo sairá, se num “chapão” ou em “chapinhas”.
Atrapalhos
Esta data de 10 de março pode ser mais prejudicial que benéfica para a oposição. Enquanto fica numa construção política para definir candidaturas (quando todos já sabem quem será quem), Tião Viana (PT) continua a não sair do palanque, desde 1º de janeiro de 2011. Com isso, a tendência é só o petista ampliar a vantagem; não há tempo para “cavalheirismos”.
Atrapalhos 2
Além do mais, esta “indefinição” está deixando apreensivos os candidatos a deputado estadual, sobretudo os sem mandato. Eles querem uma definição rápida para saber como seus partidos vão sair, se numa grande coligação ou separando quem tem já cadeira no Parlamento dos novatos. Tal situação pode afugentar eventuais lideranças que poderiam contribuir com os majoritários.
A cabeça de político
Muita surpresa ocasionou o anúncio do nome de Nazaré Lambert Araújo como a candidata a vice de Tião Viana (PT). Ao olhar frio, a primeira constatação é de que o governador escolheu alguém para perder a eleição. Afinal, quem é Nazareh Araújo para a grande massa do leitorado acreano? Mas como a candidata não será ela, e sim Tião Viana, tudo pode acontecer para quem elegeu o desconhecido Marcus Alexandre (PT) prefeito de Rio Branco.
Amarras
Tião Viana agiu de forma estratégica: formou a chapa puro-sangue do PT ao governo –tirando o partido do Senado -, coloca uma mulher para atrair os votos femininos, e assegura o partido no governo numa eventual reeleição em 2014, quando, em 2018, Tião renunciará para voltar ao Senado. Além do mais, a procuradora não representa riscos à governabilidade, sendo de confiança do chefe.
Apresentação
A mensagem governamental a ser lida na próxima terça (4) na abertura das sessões da Aleac (Assembleia Legislativa do Acre) será feita por…Nazaré Lambert Araújo. O objetivo daqui em diante é expor ao máximo a subchefe da Casa Civil para que o eleitor aos poucos vá se acostumando com a parceira de Tião na corrida sucessória.
Juruá abaixo
Assim pode ser definida a agenda de Anibal Diniz (PT) pelo Vale do Juruá neste fim de semana. O anúncio da vice foi considerado como um golpe pelos apoiadores do petista. Segundo informações, o evento de Cruzeiro do Sul foi esvaziado por conta deste gesto do governo, assim como ocorreu em Rodrigues Alves e Mãncio Lima; nem o próprio PT deu guarida ao seu senador da República.
Figuras de linguagem
De um petista analisando o “empenho” da sigla em salvar a candidatura de Anibal: “Se antes o PT estava ao Leó, agora o partido ficou “omíssio”. Os militantes criticam o presidente Ermício Sena por não ter participado de nenhuma agenda de peregrinação do senador pelos diretórios municipais.
Nem uma, nem outra
Já percebendo que não teria condições de permanecer candidato ao Senado, Anibal Diniz confidenciava a pessoas próximas a possibilidade de reivindicar a cadeira de vice ao lado de Tião Viana; mas o governador não quis saber de conversa; tão logo Jorge Viana arrumou as malas para Brasília, deixou vazar a reunião da definição de sua vice.
Por Fábio Pontes
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