Exceção do construído na fazenda do tio, os 30 aeroportos de Aécio não saíram do papel
Levantamento publicado pela Folha de S.Paulo hoje mostra que dos 30 aeroportos novos ou reformados do programa ProAero, sobre o qual toca tanta trombeta o candidato a presidente da República, senador Aécio Neves (PSDB-MG), ele, em seus oito anos como governador de Minas construiu apenas dois, um na Zona da Mata e o outro, o da família Neves, na fazenda do tio-avô Múcio Tolentino, vizinha a fazenda da Mata, propriedade do candidato tucano em Cláudio (MG).
Passa longe da verdade, portanto, a história de Aécio, repetida à exaustão e ainda ontem, quando ele fez campanha no Centro Cultural do Afroreggae, na favela de Vigário Geral, no Rio, de que quando governador fez 30 aeroportos. E de que este que fez com dinheiro público (R$ 14 milhões) e presenteou à família era a opção “mais barata”, a área que oferecia “melhores condições técnicas” e “atendia o interesse público”.
“De novo? Isso já foi mais do que esclarecido”, queixou-se o candidato, ontem, no Afroreggae, ao prestar esclarecimentos sobre o aeroporto dos Neves, complementando: “O Estado de Minas não fez um, fez mais de 30 aeródromos. Foram milhares de licitações, todas levando em conta o interesse público. É natural que haja uma exploração política. Tenho uma vida ilibada, correta. Todos os esclarecimentos estão sendo dados, e os que ainda forem necessários, serão.”
No aeroporto, R$ 30 milhões em 1983, mais R$ 10 milhões em 2010
A pista do aeroporto da família Neves, em Cláudio, foi construída em 1983 – em substituição a outra que havia na fazenda – quando o avô de Aécio, Tancredo Neves, era governador de Minas e o tio-avô do senador, Múcio Tolentino, prefeito de Cláudio. O Estado de Minas aplicou R$ 30 milhões nestas obras de 1983. Até a denúncia da Folha, domingo pp. Múcio, cunhado de Tancredo, detinha a chave do aeroporto e só o usava quem ele autorizasse, mas hoje em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, ele diz não estar mais com a chave.
O aeroporto da fazenda do tio foi concluído em 2010, último ano do 2º governo Aécio, em Minas (2003-2010), mas só muito tempo depois foi pedida autorização entrada em operação à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).
Em cima dessa oficialização o tucanato de Aécio conseguiu criar um mistério até agora não esclarecido: o aeroporto ainda não está homologado e, várias pessoas dizem, em Cláudio, que Aécio já o utilizou várias vezes para ir ao seu recanto de descanso preferido, a fazenda da Mata pertencente à família e vizinha ao campo. Perguntado se já utilizou o aeroporto, ele enfrenta uma saia-justa e não responde se usou ou não.
O candidato, o PSDB e a coordenação nacional da campanha de Aécio já declararam e divulgaram notas usando atalhos para justificar a construção do aeroporto nas imediações da Fazenda da Mata: dizem que a fazenda não pertence a Aécio, mas ao “espólio” de sua avó, Risoleta Neves. Ela deixou a propriedade de herança para Aécio.