A entrevista da candidata do PSB, Marina Silva, ao Jornal dito Nacional
William Bonner: Boa noite, candidata.
Marina Silva: Boa noite, William. Boa noite, Patrícia.
William Bonner: Muito obrigado pela sua presença. O tempo da entrevista começa a ser contado a partir de agora. Candidata, o avião que o PSB vinha utilizando na campanha eleitoral, até aquele acidente trágico de duas semanas atrás, está sendo investigado pelas autoridades competentes. Ele foi objeto de uma transação milionária feita por meio de laranjas. Essa transação não foi informada na prestação de contas prévia, parcial, à Justiça Eleitoral. A senhora tem dito que vai inaugurar uma nova forma de fazer política, que todo político tem que ter certeza absoluta da correção de seus atos. No entanto, a senhora usou aquele avião como teria feito qualquer representante daquilo que a senhora chama de velha política. Eu lhe pergunto: a senhora procurou saber que avião era aquele, quem tinha pago por aquele avião, ou a senhora confiou cegamente nos seus aliados?
Marina Silva: Nós tínhamos, William, uma informação de que era um empréstimo, que seria feito um ressarcimento, num prazo legal, que pode ser feito, segundo a própria Justiça Eleitoral, até o encerramento da campanha. E que esse ressarcimento seria feito pelo comitê financeiro do candidato. Existem duas formas, três formas, aliás, de fazer o provimento da campanha: pelo partido, pelo comitê financeiro do candidato e pelo comitê financeiro da coligação. Nesse caso, pelo comitê financeiro do candidato. Essas informações eram as informações que nós tínhamos.
[Bonner pergunta: "O avião que o PSB vinha utilizando na campanha eleitoral... " Pessoa jurídica não é gente. E sim a pessoa física. Quem vinha usando o avião não era o PSB, mas os candidatos a presidente Eduardo Campos e a candidata a vice Marina Silva que, inclusive, escondeu que viajou no avião. Por "intuição, providência divina", só não pegou o voo da morte no azarado dia 13 de agosto. Marina revelou para Eduardo este milagroso aviso divino?
Bonner: "A senhora procurou saber que avião era aquele?.."
Marina responde: "Era um empréstimo... Neste caso, pelo comitê financeiro do candidato". Candidato no singular. Marina quer dizer que o comitê era exclusivo de Eduardo Campos. Marina deu uma de Pilatos: lavou as mãos, e tirou o corpo fora. E como representante da velha política, está providenciando que seu partido, o PSB, sob nova gerência, promova a troca do CNPJ. Este foi o jeitinho encontrado para que Eduardo Campos seja o único culpado].
William Bonner: A senhora sabia dos laranjas? Essa informação foi passada para a senhora como candidata a vice-presidente?
Marina Silva: Não tinha nenhuma informação quanto a qualquer ilegalidade referente à postura dos proprietários do avião.
[Bonner chama os proprietários de "laranjas", e Marina não contesta. Uso de "laranjas" é crime, corrupção, mas Marina afirma que "não tinha nenhuma informação quanto a qualquer ilegalidade". Passou a ter].
William Bonner: Eu lhe pergunto isso…
Marina Silva: As informações que tínhamos eram exatamente aquelas referente à forma legal de adquirir o provimento desse serviço. Agora, uma coisa que eu quero dizer para todos aqueles que estão nos acompanhando é que, para além das informações que estão sendo prestadas pelo partido, há uma investigação que está sendo feita pela Polícia Federal. E o nosso interesse e a nossa determinação é de que essas investigações sejam feitas com todo o rigor para que a sociedade possa ter os esclarecimentos e para que não se cometa uma injustiça com a memória de Eduardo.
[Marina quer "rigor" nas investigação para que "não se cometa uma injustiça com a memória de Eduardo". Ou melhor dito, a obrigação da Polícia Federal é culpabilizar, unicamente, o comitê financeiro. Neste trecho da entrevista, Marina nega a anterior insinuação. Testemunha que Eduardo, também, não sabia de nada].
William Bonner: Candidata, quando os políticos são confrontados ou cobrados por alguma irregularidade, é muito comum que eles digam que não sabiam, que foram enganados, que foram traídos, que tudo tem que ser investigado, que se houver culpados, eles sejam punidos. Este é um discurso muito, muito comum aqui no Brasil. E é o discurso que a senhora está usando neste momento. Eu lhe pergunto: em que esse seu comportamento difere do comportamento que a senhora combate tanto da tal velha política?
Marina Silva: Difere no sentido de que esse é o discurso que eu tenho utilizado, William, para todas as situações. Inclusive quando envolve os meus adversários. E não como retórica, mas como desejo de quem de fato quer que as investigações aconteçam. Porque o meu compromisso e o compromisso de todos aqueles que querem a renovação da política é com a verdade. E a verdade, ela não virá nem apenas pelas mãos do partido e nem, também, apenas pela investigação da imprensa. Que eu respeito o trabalho de vocês. Ela terá que ser aferida pela investigação que está sendo feita pela Polícia Federal. Isso não tem nada a ver com querer tangenciar ou se livrar do problema. Muito pelo contrário, é você enfrentar o problema para que a sociedade possa, com transparência, ter acesso às informações.
[Marina aqui deixa bem clara sua visão extremista, e amoral, de considerar como juízo de valor o inquérito policial. Apesar desta crença, não prometeu nenhuma investigação para combater a velha política. Não prometeu uma auditoria da dívida. Nem prometeu combater o tráfico de minérios, de madeira nobre, de água, de moedas etc]
William Bonner: Candidata…
Marina Silva: O compromisso é com a verdade.
William Bonner: Agora, é que a senhora tem uma postura bem rigorosa no que diz respeito à ética, no discurso, quando a senhora se dirige aos seus adversários [Gostei do elogio, do reconhecido do discurso ético]. Esse rigor ético que a senhora exige dos seus adversários nos faz perguntar e insistir se a senhora antes de voar naquele avião não teria então deixado de fazer a pergunta obrigatória se estava tudo em ordem em relação àquele voo. Não lhe faltou o rigor que a senhora exige dos seus adversários?
Marina Silva: O rigor é tomar as informações com aqueles que deveriam prestar as informações em relação à forma como aquele avião estava prestando serviço. ["Aqueles"? Os sem nomes? Quais indivíduos] E a forma como estava prestando serviço era por um empréstimo que seria ressarcido pelo comitê financeiro. [Novamente culpa um comitê financeiro que a própria Marina extinguiu] Agora, em relação à postura dos empresários[que Bonner chamou de laranjas], os problemas que estão sendo identificados agora pela imprensa, e que com certeza serão esclarecidos pela Polícia Federal, esses, eu, como todos os brasileiros, estou aguardando. E com todo rigor. Eu não uso, William, de dois pesos e duas medidas. Não é? A métrica, a régua com que eu meço os meus adversários, é porque eu a uso em primeiro lugar.
Por Talis Andrade
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