quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Aécio não explicou o inexplicável no Jornal Nacional


Por Paulo Nogueira*

O aeroporto de Cláudio é um inferno na vida de Aécio.

Foi o que se viu hoje, mais uma vez, na entrevista que ele concedeu aoJornal Nacional.

Aécio não tem explicação porque ela, simplesmente, não existe. O aeroporto foi um uso abjeto de dinheiro público para benefícios privados da família. Como escreveu Machado, alegrias particulares são bem mais satisfatórias que alegrias públicas.

Ele se agarra desesperadamente à desculpa de que seu erro foi ter usado um aeroporto não homologado pela ANAC, a agência que regula a vida área nacional.

E aproveita para dizer que a ANAC foi incompetente ao demorar para a homologação porque está “aparelhada” pelo PT.

Não, não e ainda não.

O problema não é burocrático, e sim ético e moral. Aécio usou o aeroporto de Cláudio porque facilita substancialmente suas viagens para seu “Palácio de Versalhes”. É como ele se refere à sua fazenda em Cláudio, a 6 km do aeroporto.

Não é só isso. Existe também o ponto da valorização das terras da região por conta do aeroporto.

Isso beneficia Aécio diretamente, e a sua família.

Ele invoca em sua defesa a desapropriação litigiosa de parte da fazenda do tio para a construção do aeroporto.

O tio quer mais na justiça do que Minas deseja pagar. Na fala treinada de Aécio, o tio aparece quase como uma vítima.

Mas um momento. E a valorização do restante da fazenda?

Bonner perguntou isso, no melhor momento da entrevista do Jornal Nacional.

Aécio tergiversou. Respondeu com a metragem da fazenda: 30 alqueires. Ora, 30 alqueires podem valer x ou, alguns x, caso um benefício como um aeroporto irrompa na região.

Aécio também sofreu para responder a uma pergunta de Patrícia Poeta sobre o desenvolvimento social de Minas.

O IDH de Minas é o pior do Sudeste. Era o oitavo do Brasil, e agora é o nono.

E então, onde os avanços sociais tão trombeteados?

Nova tergiversação.

Aécio falou, como sempre tem falado, no suposto avanço em educação.

Agora que os brasileiros vão conhecendo-o melhor, vai ficando clara a semelhança entre ele e Maluf na compulsão cínica em responder a perguntas de uma forma peculiar em que você vai falando coisas que nada têm a ver com a questão.

Aécio tem agradecido aos entrevistadores quando indagam sobre o aeroporto. Fez isso na sabatina do G1 e voltou a fazer no Jornal Nacional.

Mas é um agradecimento tão fajuto quanto suas explicações para a aberração que é o aeroporto de Cláudio.

*O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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