Fernando Henrique
(Foto: Renato Araújo/ABr)
Tantas vezes
classificado como o príncipe dos sociólogos brasileiros, decano dos nossos
acadêmicos em atividade e admirado até agora por sua fina ironia, o
ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso perdeu isso tudo e, na iminência
da derrota do seu PSDB, chegou as raias do desespero.
Seu desespero e
destempero, seu linguajar cada vez mais raivoso e irracional o tornam
irreconhecível. Ontem ele ainda ironizou a presidenta Dilma em Fortaleza, mas
jogou a toalha em relação a possibilidade de seu candidato ao Palácio do
Planalto, o senador Aécio Neves (coligação PSDB-DEM) chegar ao 2º turno. FHC
pediu votos para o presidenciável Aécio, mas admitiu ser muito difícil ele
chegar à 2ª etapa da disputa: “Se fosse pelas qualidades, ele iria, mas a
máquina federal está muito organizada para reeleger a presidente e o apelo de
Marina é forte”.
A empresários
cearenses, ex-presidente afirmou que a presidenta merece o Prêmio Nobel de
Economia, pois “conseguiu arrebentar tudo ao mesmo tempo”, o que, na avaliação
dele, “é muito difícil de fazer em economia”. Momento de rara modéstia de FHC:
ele conseguiu fazer. Mas falou como se não fosse o presidente em cujo governo
os juros chegaram a 45% ao ano como lembrou a presidenta Dilma no debate na
Record domingo passado e a inflação a 80% como disse o ex-presidente Lula,
ontem, em ato na Grande São Paulo.
PSDB serve às elites e ao capital financeiro internacional
Outra crítica a
presidenta Dilma foi a passagem dela na ONU na semana passada. “É triste quando
a presidente do Brasil diz que vamos negociar com quem quer degolar.”
Leiam, aqui no blog, a nota “Ainda sobre as distorções do
discurso da presidenta na ONU”. A presidenta em momento algum pede
negociação com Estado Islâmico, com quem degola, ela pede negociação geral,
diálogo em tudo quanto é conflito em substituição a ataques e
bombardeios.
A linguagem de
FHC é a de alguém que saiu do governo com a marca da impunidade, que
tinha um Procurador Geral da República que ficou conhecido como engavetador
geral da república e agora posa de Torquemada e encanta o empresariado com seu
udenismo barato, que esconde a quem seu partido (PSDB) serve: às elites e ao
capital financeiro internacional.
Não tem sequer
pudor e reconhece a derrota de seu candidato a presidente, Aécio, antes
da hora esquecendo que foi ele que inventou e impôs Aécio ao tucanato…até para
retirar de vez do páreo presidencial seu cordial inimigo em São Paulo, José
Serra. Impressiona a fala de FHC ontem, em Fortaleza!
Dado o ódio e o
rancor abertamente expostos por ele, o risco é que inconformados partam para a
desestabilização do país, como já acontece nos mercados e nas bolsas. O que
tira o sono deles são as pesquisas, como essa última CNT/MDA divulgada ontem,
com a presidenta Dilma vencendo no 2º turno, mas podendo até levar no 1º.
A pesquisa CNT/MDA
Na pesquisa CNT/MDA
de que falamos, divulgada nesta 2ª feira, a presidenta vence Marina no 1º turno
e pela primeira vez em pesquisas desse instituto, vence a candidata do PSB
também no 2º turno. De acordo com a pesquisa, na disputa entre elas na 2ª
etapa, a presidenta aparece com 47,7% das intenções de voto, enquanto Marina
tem 38,7%. Na rodada anterior, divulgada há uma semana, a presidenta da
República tinha 42% (ficava na margem de erro) no 2º turno, contra 41% de
Marina.
A pesquisa foi
realizada entre os dias 27 e 28 de setembro com 2.002 eleitores. Num 2º turno
Dilma x Aécio, também cresceu a vantagem da presidenta: 49,1% para ela
contra 36,8% de Aécio. Na pesquisa da semana anterior, a presidenta tinha 45,5%
e o senador mineiro 36,5%. A pesquisa anterior foi feita entre os dias 20 a 21
de setembro de 2014.
Nesta divulgada
nessa 2ª feira, no 1º turno a presidenta manteve a tendência de distanciamento
de Marina. Ela obtém 40,4% das intenções de voto, um crescimento de 4,4 pontos
percentuais, no limite da margem de erro. Já Marina oscilou negativamente,
também dentro da margem de erro: aparece agora com 25,2%, enquanto tinha 27,4%
na semana passada. Aécio subiu de 17,6% para 19,8%, também dentro da margem de
erro. Ainda no 1º turno, votos brancos e nulos somaram 5,9% e 6,4% não sabem em
quem votar ou não responderam. Houve queda em ambos os casos: os brancos e
nulos na semana anterior foram 7,2%, enquanto os indecisos ou que não
responderam eram 9,3%.
A rejeição dos
candidatos oscilou dentro da margem de erro. No caso da presidenta, 43,9% não
votariam nela de jeito nenhum na semana passada – percentual caiu para 41,1% na
atual pesquisa. Em Marina, 42,5% não votariam nela de jeito nenhum na atual
pesquisa, contra 38,7% na semana passada. Aécio oscilou de 43,2% de rejeição na
pesquisa anterior para 42,6%.