O Ministério Público Federal encaminhou na tarde desta quarta-feira (29) para a Policia Federal o pedido de investigação de uma suposta compra de votos realizada pelo deputado estadual eleito, André da Droga Vale (PRP). Para o procurador Fernando José Piazenski, a manifestação formalizada no último dia 23 por moradores da Rua Campinas, no Bairro Airton Sena, tem indícios da prática eleitoral dolosa e ilícita. Dos novos deputados eleitos em 2014, André é o primeiro que corre risco de não ser diplomado, caso venha a se confirmar os indícios denunciados.
PARA ENTENDER O CASO:
Uma senhora identificada como Quinha, pediu para o senhor José Maria Tavares de Souza – também denunciante – que reunisse o máximo de pessoas para uma reunião com o candidato a deputado estadual, André da Droga Vale (PRP).
A reunião aconteceu na casa da mãe de Quinha, na Rua Campinas, no bairro Airton Sena, onde o candidato iria expor suas propostas para o mandato e, segundo a denuncia, na oportunidade, pagaria R$ 100 para cada um dos presentes na reunião.
O encontro aconteceu dia 2 de outubro, praticamente 24 horas antes da eleição. O candidato não compareceu ao local combinado, tendo enviado uma assessora, identificada como “Loira” que prometeu pagar o dinheiro depois do resultado das urnas “desde que todos os presentes votassem no candidato”, relatou dona Ana Pereira Biancardi.
Uma relação foi feita no dia da reunião com o nome e dados pessoais dos moradores presentes, cerca de 80 pessoas. Ainda de acordo a manifestação, mesmo os denunciantes tendo votado no aludido candidato, não receberam o montante combinado.
A INVESTIGAÇÃO – A reportagem conseguiu localizar através do telefone que consta na denuncia, a senhora identificada como Loira, que representou André da Droga Vale na reunião. Em sua justificativa, ela faz surgir um novo personagem, chamado de Mileudo que é esposo da Quinha.
Segundo Loira, foi com Mileudo que André da Farmácia fez um acordo para o pagamento das pessoas. Ela jura que não sabia de nada e que teve muitas dificuldades para conduzir a reunião sem os recursos supostamente prometidos.
Depois Quinha muda o rumo da prosa, afirmando que mandou fazer uma “lista” com o nome das pessoas presentes para André da Droga Vale ajudar com assistencialismo após este assumir o mandato. A tal lista estaria em poder do deputado eleito.
A reportagem localizou a casa onde a reunião foi realizada no dia 2 de outubro, na Rua Campinas, no Bairro Airton Sena e conversou com o pai da Quinha, o senhor Francisco Ferreira da Silva. Ele confirmou que o autor da reunião foi o Mileudo e que Loira saiu de sua casa com uma lista de eleitores.
“Ela [Loira] fez uma lista bem grande dizendo que era pra dar um dinheiro, R$ 50 nem sei. Eu disse que isso era conversa e que iam só enganar”, relatou seu Francisco.
LISTA TEM NOME DE MARGINAIS – Seu Francisco afirma ainda, que teve diversas vezes que tirar dinheiro do bolso para dar a marginais que assinaram a presença e batem na porta de sua casa atrás do suposto dinheiro.
A região do bairro Airton Sena onde teve a reunião envolve uma área de famílias bastante carentes, algumas moram em cima de palafitas. Mas há suspeitas de que entre os nomes que constam na lista, inclusive dos denunciantes, existam servidores públicos e até um Policial Militar.
O OUTRO LADO:
A reportagem tentou por diversas vezes falar com a senhora Quinha, que é esposa de Mileudo, mas segundo informações da família, ela e o esposo, após as eleições de Segundo Turno, foram pescar.
André Roberto Rogerio Vale dos Santos é empresário, casado, tem o curso superior completo e foi eleito com 3.733 votos. Ele disse que tomou conhecimento do assunto através da reportagem. Acrescentou que a denuncia faz parte das pessoas invejosas. “Pautei minha campanha com muita ética e transparência, nunca prometi dinheiro pra ninguém”, assegurou.
Os que assinaram o manifesto protocolado no Ministério Público Federal não aceitaram o uso de suas imagens. O pai da Quinha também não autorizou o uso de sua imagem e nem da imagem de sua residência.
O caso agora será investigado pela Policia Federal. A conclusão do processo deve acontecer antes da diplomação de André da Droga Vale.
http://www.ac24horas.com/2014/10/30/deputado-eleito-e-investigado-por-compra-de-votos-em-rio-branco-e-corre-o-risco-de-nao-ser-diplomado/