Os profetas do caos
O temor de que a presidenta Dilma Rousseff possa vencer as eleições do próximo domingo logo no primeiro turno, conforme análises de dirigentes de institutos de pesquisas, está levando a mídia oposicionista ao desespero, como se percebe no tom raivoso de alguns colunistas. O maluco beleza Arnaldo Jabor, por exemplo, em artigo sob o título de “A lista de perigos”, como verdadeiro profeta do caos relaciona os desastres que, segundo ele, deverão ocorrer num eventual segundo mandato da candidata petista à reeleição.
Por sua vez, outro profeta do caos, Rodrigo Constantino, tão raivoso quanto o misto de cineasta e colunista, grita o seu espanto por não ter a reportagem da “Veja” com as denúncias de Roberto Costa provocado um único arranhão na candidatura da petista e, indignado, conclui que o povo é “extremamente alienado”. Para ele, o gigante, que diziam ter acordado em junho, “é um bobalhão”, por manifestar o desejo de manter Dilma por mais quatro anos no Palácio do Planalto. Só faltou ambos aparecerem na propaganda dos candidatos oposicionistas dizendo “tenho medo”, como Regina Duarte na eleição de Lula.
Constantino, no seu artigo intitulado “Um país à beira do precipício”, reconhece a falta de credibilidade da revista “Veja” por não ter conseguido mudar a cabeça do eleitor. E confessa a sua decepção, perguntando: “Como ainda ter esperanças no eterno “país do futuro” quando vemos que a presidente Dilma, depois dos novos escândalos da Petrobras, continua como favorita na corrida eleitoral?” Ele esperava, obviamente, que a matéria escandalosa da revista pudesse influenciar o eleitorado, como aconteceu outras vezes, sem atentar para o fato de que o Brasil de hoje não é o mesmo de anos atrás.
O rapaz, que vê o país pela mesma lente de Jabor – na verdade a lente usada pelos jornalões que os empregam – foi mais além no seu indignado desabafo, quando diz:
“Roberto Campos foi certeiro ao constatar que, no Brasil, a burrice tem um passado glorioso e um futuro promissor”. E acrescentou:”Quer maior prova disso do que todos esses anos de PT no poder?” Quer dizer, todos os que não pensam pela sua cabeça são burros, como se ele fosse o sábio que sabe o que é melhor para o país. E o melhor para o Brasil, na sua visão nublada pelo ódio aos petistas, certamente é o tucano Aécio Neves.
Seguindo o mesmo roteiro, Jabor começa seu artigo perguntando: “O que acontecerá com o Brasil se a Dilma for eleita?” E relaciona o que ele chama de “catástrofes anunciadas”, verdadeiro caos que, se confirmadas varreriam o país do mapa. A partir daí desfia um rosário de tolices, inclusive de que os petistas “odeiam a democracia”. Se tal afirmação fosse verdadeira a mídia oposicionista não teria a liberdade que hoje desfruta, de fazer matérias tendenciosas e atacar impunemente reputações alheias, desvirtuando o papel informativo da imprensa.
E não tem escrúpulos em mentir, dizendo que se Dilma for reeleita “continuaremos a “defender” o Estado Islâmico e outros terroristas do “terceiro mundo”, distorcendo pronunciamento da Presidenta na assembléia geral da ONU. O que Dilma fez foi condenar o uso da força, as guerras, que “são incapazes de eliminar as causas dos conflitos”, acentuando que a “cada intervenção militar não caminhamos para a Paz mas, sim, assistimos ao acirramento desses conflitos”, verificando-se “uma trágica multiplicação do número de vítimas civis e de dramas humanitários”. E deixando à mostra seu espírito de vira-lata, ele exaltou o insulto do funcionário israelense que classificou o Brasil de “anão diplomático”, porque condenou o massacre de civis na faixa de Gaza.
Mais adiante, Jabor disse que “Joaquim Barbosa foi uma nuvem passageira”. Ainda bem, senão o estrago no poder judiciário seria irreparável, como, aliás, pensam os advogados. A Ordem dos Advogados do Brasil, secção do Distrito Federal, inclusive, negou o seu pedido de registro precisamente por causa das atitudes tomadas por ele quando presidente do STF, ocasião em que chegou a expulsar do plenário da Corte, com a ajuda dos seguranças, o advogado de José Genoino. E finaliza com uma frase que se encaixa como uma luva no comportamento da mídia que representa: “Quanto maior a mentira, maior é a chance de ela ser acreditada”. Que o diga Fernando Henrique Cardoso com a história de que é o pai do Plano Real.
Ribamar Fonseca * – * Jornalista
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