Como forma de conter a sobre-exploração da pesca do pirarucu no município de Feijó, no Acre, desde 2005, os pescadores da região vêm desenvolvendo, em parceria com a sociedade civil e o governo, acordos de pesca que estabelecem regras para manejar a espécie e, assim, evitar a sua extinção e garantir a qualidade de vida dos moradores.
A manutenção das populações de pirarucu, a autorização da pesca dos lagos regulados pelos acordos, então proibida em todo o estado, e, posteriormente, o aumento da renda dos pescadores envolvidos no trabalho, fazem do Acre uma iniciativa promissora no manejo e no monitoramento do “bacalhau de água doce”, como é conhecido, e de outras espécies.
Com os resultados em mãos, os pescadores de Feijó querem agora ir além: certificar a pesca do pirarucu nos lagos manejados do município, que possibilitaria a abertura de novas fronteiras de mercado e maior valor agregado ao produto. Caso se confirme, será a primeira vez no Brasil que um sistema de pesca de água doce recebe um selo que atesta a sustentabilidade dos seus produtos e dos seus processos.
A produção é de cerca de 2,5 toneladas por ano, atualmente vendida a R$ 15 o peixe resfriado e R$ 22 o seco, segundo o presidente da colônia, Charles Guimarães. “A qualidade de vida do pescador e da comunidade que faz parte do manejo melhorou. Cada um ganha uma parte do lucro e a colônia também recebe uma parte. E com esse recurso, os pescadores melhoram seu material de pesca, compram seus eletrodomésticos; e na comunidade o dinheiro é dividido, eles compram barcos e coisas para as escolas”, disse Guimarães.
“Imagina para uma cidadezinha no interior do Acre ver que os atletas estão consumindo o pirarucu que nós pescamos na colônica, ficamos muito felizes. E estamos bem animados para que isso realmente dê certo e está bem encaminhado para dar”, complementou o presidente da colônia de pescadores. O trabalho de manejo é feito em nove lagos e liderado por 15 pescadores; as comunidades de pescadores somam cerca de 270 famílias.
Como é feito o manejo em Feijó
Os pescadores de Feijó vivem da pesca de subsistência e da venda de outros tipos de peixes, como pintado e curimatã. Antes da implementação do manejo no município, a pesca era feita com um tipo de rede que fica esticada e armada no meio do lago. Como o pirarucu é um peixe que precisa subir para respirar a cada 20 minutos, eles acabavam presos na rede e “literalmente morriam afogados”, contou o especialista do WWF-Brasil.
Hoje, a pesca é feita com tarrafa e anzol, por exemplo, e o pirarucu é pescado com arpão. “Existe todo um trabalho de debate nas comunidades para eles aceitarem a proposta de fazer o manejo. Sobre quais as regras permitidas nesses lagos para manter a pesca de subsistência e para ajudar a população de pirarucu a se reproduzir”, disse Oviedo, contando que um casal de pirarucu tem cerca de 11 mil filhotes. “Muitos morrem, mas se têm lagos com regras de manejo para protegê-los, a quantidade que vai sobrevivendo aumenta”.
fonte www.ac24horas.com
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