Conspiração política de 2015 e 2016, liderada por Eduardo Cunha e Aécio Neves, junto com Michel Temer, teve alto custo para a sociedade; com a paralisia imposta ao governo Dilma, o rombo fiscal entre janeiro e agosto saltou de R$ 1,1 bilhão, no ano passado, para R$ 70 bilhões neste ano; dívida pública se aproxima de 70% do PIB
BRASÍLIA (Reuters) - O setor público brasileiro teve déficit de 22,267 bilhões de reais em agosto, dado mais fraco para o mês na série histórica iniciada pelo Banco Central em dezembro de 2001, num retrato da contínua deterioração das contas públicas num ambiente de queda das receitas e despesas sob forte pressão.
A performance de agosto também frustrou expectativas de analistas de um déficit mais baixo, de 18,5 bilhões de reais, segundo pesquisa Reuters.
No mês, o resultado primário do governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência) ficou negativo em 22,143 bilhões de reais, enquanto Estados e municípios tiveram déficit de 653 milhões de reais. Já as empresas estatais registraram um superávit de 529 milhões de reais.
De janeiro a agosto, o déficit do setor público consolidado somou 58,859 bilhões de reais, bem acima do resultado negativo em 1,105 bilhão de reais de igual período do ano passado.
Em 12 meses, o rombo foi a 2,77 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), somando 169,003 bilhões de reais e já superando o alvo fiscal estabelecido para o ano. Isso ocorreu porque a cifra incorpora os dados dos últimos meses de 2015, quando houve impacto expressivo do pagamento das chamadas pedaladas fiscais em dezembro.
Em 2016, a meta é de um déficit de 163,9 bilhões de reais para o setor público consolidado, correspondente a 2,6 por cento do PIB. Se confirmado, este será o pior resultado das contas públicas da história, e o terceiro consecutivo no vermelho.
Como consequência dos dados negativos, o endividamento público segue em trajetória de alta. Em agosto, a dívida líquida passou a 43,3 por cento do PIB, contra estimativa de 43,2 por cento em pesquisa da Reuters e um resultado de 42,5 por cento em julho.
Por sua vez, a dívida bruta cresceu a 70,1 por cento do PIB, ante 69,6 por cento no mês anterior.
(Por Marcela Ayres)