FHC: OS PARTIDOS NÃO REPRESENTAM MAIS A SOCIEDADE


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirma que a falta de representatividade e o descrédito dos políticos não é uma exclusividade brasileira, mas um fenômeno global; segundo ele, porém, no Brasil, o problema é agravado pela proliferação de partidos inexpressivos, sem preocupação com os interesses da sociedade; "Nosso maior problema é o clientelismo, o corporativismo, interesses de grupos em manter ou ampliar seus privilégios. Nunca se fala no interesse comum", diz

247 - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ementrevista a José Fucs, afirma que a falta de representatividade e o descrédito dos políticos não é uma exclusividade brasileira, mas um fenômeno global. Segundo ele, porém, no Brasil, o problema é agravado pela proliferação de partidos inexpressivos, sem preocupação com os interesses da sociedade. "Nosso maior problema é o clientelismo, o corporativismo, interesses de grupos em manter ou ampliar seus privilégios. Nunca se fala no interesse comum", diz.

"Houve quase uma separação entre o que os políticos e a sociedade falam. Os políticos falam de uns temas e a sociedade de outros. De onde vem essa sensação de vazio, de falta de correspondência entre os anseios das pessoas e o comportamento dos políticos", reforça.

Para ele, reforma política em gestação no Senado Federal, embora parcial, poderá contribuir para melhorar as práticas políticas no País. "Em matéria de reforma, eu já tentei muitas e você sabe que quando tenta mudar tudo não consegue mudar nada", afirma. Em relação à anistia para o caixa 2 de campanha, articulada nas sombras em Brasília, ele diz que "não há clima" para aprovar uma medida do gênero hoje no Brasil. "No momento, a opinião pública não aceita a anistia de nada."

Ele também fala do financiamento empresarial de campanha. "A democracia custa. Quem paga? O contribuinte está disposto a pagar? Se estiver, tudo bem. Você faz uma regra e pronto. Agora, se for para fazer financiamento empresarial, tem de haver, primeiro, um limite máximo para cada conglomerado, não para cada empresa. Segundo, por que não pensar da seguinte maneira: se a empresa apoiar o partido tal, então vai apoiar aquele partido, não outro. Não pode apoiar todos. Por que não dá o dinheiro ao Tribunal Eleitoral e o partido apresenta as contas ao Tribunal Eleitoral?", pergunta.

Em entrevista ao Estado para a série A reconstrução do Brasil, cujo objetivo é discutir os grandes desafios do País pós-impeachment, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, líder do PSDB, afirma que a falta de representatividade e o descrédito dos políticos não é uma exclusividade brasileira, mas um fenômeno global. Segundo ele, porém, no Brasil, o problema é agravado pela proliferação de partidos inexpressivos, sem preocupação com os interesses da sociedade. "Nosso maior problema é o clientelismo, o corporativismo, interesses de grupos em manter ou ampliar seus privilégios", diz. "Nunca se fala no interesse comum."

Na entrevista, Fernando Henrique afirma também que a reforma política em gestação no Senado Federal, embora parcial, poderá contribuir para melhorar as práticas políticas no País. "Em matéria de reforma, eu já tentei muitas e você sabe que quando tenta mudar tudo não consegue mudar nada", afirma. Em relação à anistia para o caixa 2 de campanha, articulada nas sombras em Brasília, ele diz que "não há clima" para aprovar uma medida do gênero hoje no Brasil. "No momento, a opinião pública não aceita a anistia de nada."

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