Ele tem dívida de R$ 40 milhões em multas e impostos só em uma empresa.
Clebson descobriu caso ao não conseguir receber seguro-desemprego
Um tecelão desempregado, que mora em Campina Grande, no Agreste da Paraíba, descobriu que teve o próprio nome registrado como sócio de cinco empresas diferentes no Nordeste e teria uma dívida de R$ 40 milhões com o fisco. Por causa disso, Clebson Cavalcante não conseguiu dar entrada no seguro-desemprego.
Para o Ministério Público, ele foi vítima de um esquema de sonegação de impostos. O tecelão registrou um boletim de ocorrência e o caso está sendo investigado pela Polícia Civil.
Pelo cadastro da Receita Federal, Clebson é sócio de duas empresas em Queimadas e Campina Grande, na Paraíba; duas em Itambé e Timbaúba, em Pernambuco; e uma em Currais Novos, no Rio Grande do Norte. Todas são do ramo de distribuição de bebidas e alimentos.
Clebson se viu impedido de receber o seguro-desemprego e endividado. Só a empresa da qual ele seria sócio em Campina Grande tem um débito de R$ 40 milhões em multas e impostos.
"Eu nunca pensei que ia passar por isso na minha vida. Mas a gente nunca espera e acontece", lamenta o tecelão.
Sem trabalho e sem poder receber o seguro-desemprego, o tecelão estava sem dinheiro para pagar o aluguel da casa onde morava com a mulher e teve que voltar a morar com a mãe e o irmão. A esposa dele foi para a casa dos pais. "Está difícil porque estou separado da minha mulher também. A pessoa, quando quer casar, quer morar junto", comenta.
Fraude
Na Paraíba, são duas empresas. A primeira, a Varejão Dois Amigos Cestas Básicas Ltda., em Queimadas, está registrada em um endereço onde funciona um escritório de advocacia. A segunda é a distribuidora Atacadão de Bebidas Queiroz Ltda., que funciona em um depósito no bairro Estação Velha, em Campina Grande.
O promotor de Justiça de Crimes contra a Ordem Tributária, Romualdo Tadeu Dias, acredita que Clebson não tenha nenhuma relação com esses empreendimentos. "Ele nos informou que não conhecia as empresas, o seu domicílio tributário e, principalmente, apresentamos para ele os contratos sociais e ele não conhecia a assinatura dele", conta.
Para o promotor, Clebson foi vítima de um esquema de sonegação de impostos. "Alguém deve ter tido acesso à documentação dele, ter aberto essa empresa e fraudado o Fisco e, assim, também o nosso estado. O sonegador não dorme. Ele passa a vida procurando formas de burlar a Receita Estadual para ter aquele dinheiro fácil. Então, ele usa sempre outras pessoas, laranjas, para se locupletarem. O caso de Clebson não foi diferente", diz o promotor Romualdo Dias.
Respostas
A reportagem entrou em contato com o dono da empresa sediada em Campina Grande. Ele não quis gravar entrevista, mas disse que ficou surpreso com o nome de Clebson no contrato social da distribuidora e que não sabe como o nome dele foi parar lá. O proprietário também não reconhece o débito informado pela promotoria.
Os outros sócios da empresa que fica em Queimadas não foram localizados. Já o escritório de advocacia, que funciona no endereço dela, informou que não tem nenhuma relação com o empreendimento e que está no local há muito tempo.
g1