As possíveis candidaturas de Marcus Viana (PT) e Gladson Cameli (PP) ao governo do Acre nas eleições 2018 podem sofrer desgaste com a provável instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias de desvios de recursos, superfaturamento e gastos exorbitantes nas obras da BR-364.
A decisão do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC) que determinou a imediata instalação da CPI para investigar a venda ilegal de casas na Secretaria de Habitação e Interesse Social (Sehab), sem a necessidade de aprovação no plenário da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) poderá abrir a porteira para mais duas comissões.
O deputado Luiz Gonzaga (PSDB) acredita que a mesma decisão que favoreceu o requerimento de Gerlen Diniz (PP), autor da proposta de CPI para investigar a Sehab, poderá beneficiar sua proposta para investigar as obras da BR-364. O requerimento do tucano recebeu nove assinaturas, uma a mais do que é preciso.
“Desde o ano passado que eu tentava conseguir o número necessário de assinaturas para colocar o requerimento para apreciação do plenário da Casa. Com a derrubada da exigência da votação em plenário, eu acredito que a investigação de superfaturamento e desvio de recursos das obras da BR vai acontecer”, diz Gonzaga.
O otimismo do tucano pode bater de frente com os interesses do bloco de oposição que coloca como unanimidade a escolha do nome do senador Gladson Cameli (PP) para disputar o governo. As empresas da família Cameli executaram obras em trechos da rodovia, levando a exposição do nome do virtual candidato.
O mesmo poderá acontecer com Marcus Viana (PT). Ele é um dos quatro nomes escolhidos pela FPA como possíveis candidatos ao governo. O prefeito de Rio Branco foi um dos responsáveis pela execução das obras da BR-364. Inclusive, chegando a aparecer ao lado do governador em inserções que falava da rodovia.
Luiz Gonzaga afirma que não se trata de uma medida politiqueira, mas de uma reivindicação da população do interior do Acre que depende da estrada que se encontra em péssimas condições de tráfego. O deputado destaca que a CGU já emitiu um relatório apontando diversas irregularidades na obra.
A oposição sabe que a presidência e a relatoria de um possível CPI da BR-364 ficarão nas mãos dos deputados da base de governo. Os oposicionistas esperam fazer barulho com a convocação de pessoas ligadas ao governo petista, mas o contra-ataque da base governista poderá usar o mesmo expediente.
A CPI da BR-364 poderá ser uma faca de dois gumes e poderá reservar grandes sopresas e desgaste para os dois lados. De um lado a oposição tentará minar as chances de Marcus Viana. Do outro lado a situação poderá comprometer Gladson Cameli com os negócios das empresas de sua família.
Ray Melo, da editoria de política do ac24horas
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