CARTA ABERTA AO POVO DE TARAUACÁ
Queridos amigos de Tarauacá,
Em 1985 cheguei a Tarauacá, como Irmão Marista, para cumprir uma missão da Igreja Católica. Nesse período procurei ser leal aos meus princípios e ajudei a juventude a se organizar e a se defender das drogas, do desemprego e da desesperança. Tivemos o inestimável apoio, nessa luta, de outros jovens sonhadores, como Edvaldo Magalhães, Chagas Batista, João Bosco, Pelezinho, Leis e tantos outros.
No ano seguinte, fundamos o PCdoB, organizando o povo pobre da cidade, os ribeirinhos, os povos indígenas, a juventude, as mulheres. Fundamos entidades como o SINTEAC (Sindicato dos Trabalhadores em Educação), OPITAR (Organização dos Povos Indígenas de Tarauacá), ACUDA (Associação de Cultura, Desporto e arte), UTM (União Tarauacaense de Mulheres), grupos de jovens, de teatro, de música, de esporte, reorganizamos o STR (Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tarauacá), dentre tantas outras lutas.
Fui eleito vereador, vice-prefeito e deputado estadual por três mandatos. Nesse período sempre defendi o povo de Tarauacá, ajudei famílias pobres a fazerem tratamento de saúde e jovens humildes a estudar, a se levantarem contra as drogas e a desesperança. Nunca disse um não quando podia dizer sim. Lutei sempre com lealdade ao povo de Tarauacá.
Nesse período passou pelas minhas mãos, mais de 15 milhões de reais (entre salário, verba de gabinete e indenizatória, ajudas de custo, diárias e auxílios). Mas, o que eu tenho hoje é uma casa e um apartamento. Procurei viver de forma honesta.
Em 2014 perdi a eleição para deputado federal e não tive mais condições de ter presença em Tarauacá, visitar as famílias, os bairros, subir os rios e igarapés, como sempre fazia, levando apoio, organização sindical, atendimento médico e solidariedade, no Murú, Tarauacá, Acuraua, Joaci, Sacado, Gregório, Apuanã, Humaitá, Jordão...
Em 2018, mesmo no mandato provisório de deputado federal, consegui uma emenda coletiva de bancada para construir uma Universidade entre Tarauacá e Feijó, deixando os recursos empenhados (14 milhões de reais). Como não daria tempo de iniciar a construção do prédio da Ufac, acertamos que parte da emenda seria para instalar um Curso de Direito para funcionar em Tarauacá e Feijó no ano de 2019. Como saí do mandato, esses recursos foram utilizados em outras atividades universitárias e eu não tive força para reverter.
Ainda em 2018, decidi abrir minha vaga de candidato a deputado federal para apoiar a camarada Perpétua Almeida (PCdoB), mesmo eu estando no mandato. Decidi também apoiar os camaradas Edvaldo Magalhães e Jenilson Leite para deputado estadual.
Atualmente, estou exercendo a função de secretário de Educação do Município de Rio Branco. Politicamente, continuo filiado no PCdoB.
Quero informar ao povo de Tarauacá que, no dia 21 de fevereiro, comuniquei ao PCdoB de Tarauacá e ao presidente do PCdoB do Acre, de que gostaria de disputar a candidatura a prefeito de Tarauacá, desde que o nosso pré-candidadto Laurinho desistisse (um vereador do PCdoB, que se filiou no PSB).
Se ele mantivesse a candidatura, eu o apoiaria, assim como apoiarei qualquer outro candidadto do PCdoB ou do PSB e estou aberto a discutir também meu apoio a um candidato do PT.
Como o deputado de Tarauacá, Jenilson Leite, um camarada e meu amigo de longa data, se filiou ao PSB, informei a ele e ao PCdoB, que estava disposto a ser candidadto por um dos dois partidos: PSB ou PCdoB, convidando o PT para formar a aliança.
Sobre o PT, desde 1989 que liderei as campanhas majoritárias do Partido, até o ano de 2002, quando me transferi pra Rio Branco: 1989 (Lula), 1990 (Jorge Viana), 1994 (Tião Viana e Lula), 1998 (Jorge Viana e Lula), 2002 (Jorge Viana e Lula), além de apoiar todos os candidatos a senador do PT nesses anos todos).
Nesse sentido, considero justa a minha reivindicação de ser candidadto a prefeito de Tarauacá pelos partidos que eu ajudei a fundar e a defender durante três décadas.
Quero dizer que, mesmo após completar cinquenta anos, ainda estou com a mesma energia e os mesmos sonhos, agora, mais comedidos, mais tolerantes.
Estou disposto a enfrentar essa batalha, porque sempre sustentei minha vida política na lealdade e na gratidão. E, se essas duas grandes virtudes não voltarem na outra mão, não será incoerente eu erguer minha luta no outro lado da rua.
Amanhã será outro dia.
MOISÉS DINIZ
(tarauacaense de luta e de coração)
Nenhum comentário:
Postar um comentário