Por Thais Farias
A Polícia Federal concedeu entrevista coletiva na manhã desta terça-feira, 30, após deflagrar a Operação Citricultor, que investiga desde 2018 o desvio de verbas provenientes do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (Fundo Eleitoral) do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) nas cidades de Rio Branco e Rodrigues Alves. O coordenador da operação, delegado Pedro Ivo, garantiu que por meio da análise da prestação de contas do partido, foi possível suspeitar do desvio de pelo menos R$ 160 mil. Agora, a investigação caminha para saber se esse valor foi subtraído por membros do diretório ou dividido entre as mulheres com candidaturas “laranjas”.
De acordo com a investigação da PF, as mulheres, que por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), têm direito a 30% de Fundo Eleitoral a serem empregados na campanha, teriam sido aliciadas por membro do partido em troca de receberem uma contrapartida em dinheiro ou apenas para ajudar no esquema. “Automóveis alugados, materiais pedidos em gráficas, cujo valor pago produziu material para outro candidato”, explico o delegado. Segundo ele, esta descobrir agora se todo o dinheiro foi embolsado ou se foi enviado para contas privadas dos investigados.
O partido em questão recebeu de fundo eleitoral cerca de R$ 545 mil reais. Desse valor, só uma candidata recebeu mais de R$ 120 mil e outras duas receberam, cada uma, quase R$ 14 mil. São cerca de R$ 160 mil que a PF está investigando de desvio. Delegados da PF garantem que o uso de candidatas femininas é comum para a prática do crime de desvio da verba eleitoral. Elas são inscritas para preencher a porcentagem mínima exigida e, assim, financiam campanha de outros candidatos, prioritariamente do sexo masculino. “Várias provas obtidas estão confirmando as suspeitas. Depoimentos estão confirmando o que vem investigado desde 2018”, alerta Ivo.
Testemunhas já relataram após a operação que realmente não trabalharam para as supostas candidatas. A fase da operação agora investiga quem são os candidatos beneficiados com o desvio da verba ou se a verba foi, realmente, apropriada por algum membro. “Membros do diretório do partido estão sendo investigados para ver se houve participação deles. Nenhum investigado está com mandato em curso, são candidatos não eleitos que estamos investigando”, destacou o delegado Pedro Ivo, salientando não poder divulgar os nomes por conta do andamento da investigação que ainda está em curso.
Denúncia
Conforme relatado pela também delegada da PF, Diana Calazans Mann, as denúncias partiram de militantes do próprio partido, outras mulheres que estavam insatisfeitas com o uso de “laranjas” na sigla. Só no Acre, a Polícia Federal já realizou três operações neste sentido. “Por isso alertamos as candidatas para que elas, mulheres, não se submetam a isso e denunciem”, afirmou.
A partir desta operação, agentes da PF passam a fazer análise de todo o material apreendido para confirmar tudo que já vinha sendo apurado. “Faremos análise de contas, documentos, prestação de contas no TER, celular, fazer um apanhado e elaborar um relatório. Hoje ainda já dá para saber se alguém vai ser indiciado e encaminhado para a Justiça Eleitoral”, disse Pedro Ivo. A Polícia Federal garante que estas investigações em curso não têm vínculo com o partido investigado na operação passada.