O ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, diz em entrevista que volta às aulas presenciais e acesso dos estudantes à Internet não são temas de sua alçada. Ribeiro fez declarações homofóbicas e afirmou fake news sobre educação de gênero
24 de setembro de 2020, 08:52 h Atualizado em 24 de setembro de 2020, 09:03
Milton Ribeiro e aulas durante a pandemia do coronavírus (Foto: Isac Nóbrega/PR | Tácio Melo/Secom)
247 - O ministro da Educação, pastor presbiteriano Milton Ribeiro, afirmou em entrevista que a retomada presencial das aulas e as dificuldades de acesso à internet dos estudantes brasileiros não são temas de sua responsabilidade. “Não é um problema do MEC, mas um problema do Brasil”, disse Ribeiro em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Na entrevista, o ministro reafirmou suas posições homofóbicas e fez afirmações falsas sobre educação sexual nas escolas (leia no final)
Segundo ele, as dificuldades de acesso a pandemia evidenciou a questão do acesso à internet, mas o problema afetaria apenas “um número muito pequeno” de estudantes. “Esse problema só foi evidenciado pela pandemia, não foi causado pela pandemia. Mas hoje, se você entrar numa escola, mesmo na pública, é um número muito pequeno que não tem o seu celular. É o Estado e o município que têm de cuidar disso aí. Nós não temos recurso para atender. Esse não é um problema do MEC, é um problema do Brasil”, disse. “Não tem como, vai fazer o quê? É a iniciativa de cada um, de cada escola. Não foi um problema criado por nós”, completou.
O ministro não apresentou qualquer evidência para sua declaração sobre acesso à Internet. Segundo a pesquisa TIC Kids Online 2019, divulgada em maio pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), há no Brasil 4,8 milhões de crianças e adolescentes, na faixa de 9 a 17 anos, sem acesso à internet em casa. Eles correspondem a 17% de todos os brasileiros nessa faixa etária.
Na entrevista, Ribeiro também disse que MEC está elaborando um protocolo de biossegurança para a retomada das aulas do ensino básico e que o assunto não é da sua “jurisdição”. “A lei é clara. Quem tem jurisdição sobre escolas é Estado e município. Não temos esse tipo de interferência. Se eu começo a falar demais, dizem que estou querendo interferir; se eu fico calado, dizem que se sentem abandonados. Agora, nesta semana, vou soltar um protocolo de biossegurança para a escola básica, como já foi feito com universidades”, destacou.
O ministro também ressaltou que se o retorno das aulas presenciais dependesse apenas dele, os estudantes já teriam voltado às escolas na semana passada . “Não temos o poder de determinar. Por mim, voltava na semana passada, uma vez que já superamos alguns itens, saímos da crista da onda e temos de voltar. Mas essa volta deverá ser de acordo com os critérios de biossegurança”, ressaltou.
Esses são problemas sociais, que eu não tenho como responder. Vão afetar a escola, mas isso aí já é para um outro departamento, de assistência. Não tenho como resolver isso.
Educação sexual e gênero
Na entrevista, Ribeiro apresentou posições homofóbicas e fez afirmações falsas sobre educação sexual nas escolas. Leia:
Mas a educação sexual não deve ser tratada dentro da aula, inclusive para proteger a criança de abusos sexuais?
Nesse particular, sim. Existem temas que podem ser tocados para evitar que uma criança seja molestada. Mas não o outro lado que é uma erotização das crianças. Tem vídeo que corre na internet das meninas aprendendo a colocar uma camisinha com a boca.
Isso é um vídeo dentro de uma escola pública?
É dentro de uma escola (Na verdade, o vídeo citado pelo ministro foi gravado em uma universidade no interior da Bahia). Está no YouTube, é só procurar. E a professora mostrando como é. Dizem que é para proteger gravidez indesejada, mas a verdade é que falar para adolescente que estão com os hormônios num top sobre isso é a mesma coisa que um incentivo. É importante falar sobre como prevenir uma gravidez, mas não incentivar discussões de gênero. Quando o menino tiver 17, 18 anos, ele vai ter condição de optar. E não é normal. A biologia diz que não é normal a questão de gênero. A opção que você tem como adulto de ser um homossexual, eu respeito, não concordo.
Vejo menino de 12, 13 anos optando por ser gay, nunca esteve com uma mulher de fato, com um homem de fato e caminhar por aí. Por esse viés, é claro que é importante mostrar que há tolerância, mas normalizar isso, e achar que está tudo certo, é uma questão de opinião. Acho que o adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo (sic) tem um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe. Vejo menino de 12, 13 anos optando por ser gay, nunca esteve com uma mulher de fato, com um homem de fato e caminhar por aí. São questões de valores e princípios.
O senhor é contra um professor transgênero na sala de aula?
Se ele não fizer uma propaganda aberta com relação a isso e incentivar meninos e meninas para andarem por esse caminho.... Tenho certas reservas.
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