"Tarauacá tem alguma coisa a mais que qualquer outro lugar. É provável que a diversidade de natureza e personalidade distinta de seu povo estejam ligados ao significado de seu nome cuja origem é indígena: rio dos paus e das tronqueiras. Não é preciso ser um hermeneuta para chegar à conclusão de que o nome do município remete a alguma coisa forte, resistente, que batalha em meio a alguma turbulência e se mantém vivo com seus altos e baixos.
Todo e qualquer taraucaense possui em seu DNA uma formação distinta natural de boas relações interpessoais, um apego pela ciência política e uma capacidade ímpar de superação. Não à toa, quem mora à beira do rio das tronqueiras e de seu irmão Murú consegue se recompor e continuar a vida mesmo após nove alagamentos em um espaço de três meses como aconteceu entre o fim de 2014 e início de 2015.
Tarauacá tem Corcovado, Copacabana e Praia, e suas praias. Mas tem Pimpão, um cientista político de rua, cujo apoio nos últimos dias de uma campanha a qualquer candidato majoritário é sinal de uma eventual vitória.
É também a nossa Copenhague. Eu não duvidaria jamais se um instituto qualquer dissesse em números que em Tarauacá há mais bicicletas do que pessoas. É um charme particular da cidade.
Provavelmente seja o único lugar do mundo cujos apelidos sejam substantivos compostos e carregados do que há de mais inusitado. Eis alguns: Caga na Mala, Faca Cega, Sem Fato, Priquito de Vaca, Flor do Campo, Nuca de Gato, Se Apavora, Pinto Virgem, Bartinho Cheiro-Verde, Sem Mioca, Piu-Piu, Manga de Punho, Porteira de Curral, Capa de Travesseiro, Meu Pau, Passado, Boi Ingrato
Mastiga Broxa e Contra Pino (in memoriaN), Leite Podre, Atolado, Boliado, Nervoso, Secretário do Cão e Rasga Velha.
Eu não nasci em Tarauacá. Mas por lá já estive mais de 10 vezes. Eu acho de um charme danado quando alguém diz "eu sou taraucaense". Soa diferente. Há um ar de orgulho em quem assim se apresenta. Eu teria muito orgulho.
Nasci em Rio Branco. Talvez meu flerte com Tarauacá tenha origem em minha mãe. Sim. Enquanto eu escrevia ela relembrava por telefone seu nascimento na isolada região às margens do rio Humaitá, em Tarauacá, embora de lá tenha vagas lembranças.
Tarauacá é o Acre em seu estado puro, na raiz, na essência.
Parabéns pelos seus 108 anos, Tarauacá, ou TK para os mais íntimos"
Jornalista Luciano Tavares