Manoel Machado, o ‘padrim dos pobres’ dos anos 1980, dever ir as urnas de novo; em entrevista ele compara as épocas: “Sou do tempo da inocência”


Por Evandro Cordeiro

O ex-deputado Manoel Machado é uma figura icônica de uma época em que a política no Acre era uma festa sem fim. Chamado de ‘pai dos pobres’ entre os anos 1970 e 1990, ele era a antítese dos políticos sisudos da atualidade. Violeiro, jogador de baralho, dançarino, Machado lacrou na ‘bela époque’, emergindo da improbabilidade. Vindo do seringal Santo Amaro, no Rio Muru, cafundó de Tarauacá, com pouca escolaridade, foi quase tudo na política do Acre. Pois ele quer voltar a cena. Já cumpriu todos os rituais para se habilitar em uma pré-candidatura rumo a Assembleia Legislativa. É uma das apostas do Solidariedade, cujo presidente é o experiente ex-deputado Moisés Diniz.


Manoel Machado da Rocha, nascido dia 18 de setembro de 1942, eternizado pelas alcunhas diminutivas de ‘Manel Machado’ e “Teta”, ao menos para os mais íntimos, continua sendo, aos 79 anos de idade, o símbolo da pureza de uma época da política em que fazer assistencialismo era o que de mais criminoso se cometia. “Sou da época da inocência”, afirma ele ao AcreNews, com sua costumeira economia de palavras, talvez por não ter com as tais o esperado domínio ludibriante da politicalha.

Manoel Machado e Eduardo Velloso

Para se tornar o ‘Manel Machado’, que chegou a assumir a cadeira de governador por força da lei, quando era presidente da Assembleia Legislativa, o menino do Seringal Santo Amaro começou por baixo, lá pela Câmara de Tarauacá, onde foi eleito vereador em 1972. Destaque do legislativo municipal, em 1978 ganhou seu primeiro mandato de deputado estadual dos quatro seguidos. Foi aí que ele fez história – e muito assistencialismo. “Fiz mesmo. Gostava disso, de ajudar as pessoas”, confirma ele seu ‘pecado’. Filiado ao Solidariedade, a convite do presidente Moisés Diniz, o pré-candidato acha na sigla a porta por meio da qual almeja voltar a política e voltar a fazer, quem sabe, o que sempre fez, ajudar as pessoas. A forma como chamam isso, diz ele, pouco importa. “Ainda tenho muito a contribuir”, diz o velho ‘Teta’, vestido numa camisa icônica, estampada por um colorido que marcou o guarda-roupa de sempre do ‘Manel’.


ÉPOCA DA ALEGRIA NA POLÍTICA

A alegria da política entre os anos 1970 e 1990 no Acre, marcada por disputas eleitorais inesquecíveis e em figuras icônicas como a do ex-deputado Manoel Machado, provavelmente não se repetirá. Os tempos mudaram. Vivemos em um período onde adversários viraram inimigos viscerais e, ao invés de festa, ‘es temprano para lá guerra’, como diria o estafeta do coronel Plácido de Castro ao intendente boliviano em Xapuri, Dom Juan de Díos Barriento, naquele 6 de agosto de 1903, pontapé da guerra com a Bolívia. Nessa ‘guerra’ entre políticos, o velho ‘Teta’ diz que está fora. “Queria que a política voltasse a ser alegre outra vez”, diz ele pelo telefone.
Fonte: acrenews

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