Professores e alunos da Universidade Federal do Acre (Ufac) estudam o fungo Earliella Scabrosa, conhecido popularmente como orelha-de-pau, para a produção de um extrato que poderá ser usado no tratamento contra o câncer de mama.
Fungo orelha-de-pau será usado em pesquisa para tratamento contra câncer de mama — Foto: Arquivo pessoal
Um grupo de estudo da Universidade Federal do Acre (Ufac) em Rio Branco iniciou a produção de um extrato do fungo Earliella scabrosa, conhecido popularmente como orelha-de-pau, que será testado no tratamento contra o câncer de mama. Os professores e alunos escolheram essa espécie porque é facilmente achada às margens de rios e lagos.
O intuito do projeto é descobrir se o extrato terá algum efeito positivo em uma célula da doença e, assim, inseri-lo em um tratamento já existente ou descobrir uma nova forma de tratar as mulheres com o experimento.
"Vamos ver se o extrato inibe a capacidade da célula proliferar, se ele inibe a capacidade dela se movimentar, se vai interferir na capacidade do câncer gerar metástase. Vamos comparar isso com algumas drogas já antitumorais comercializadas e fazer uma comparação", contou o professor Ildercílio Lima, do Centro de Ciências da Saúde e do Desporto da Ufac.
Além de Ildercílio Lima, participam também do projeto os professores César Meschiari e Márcia Teixeira, doutora em biotecnologia, a aluna de biologia Chirley Gonçalves e a doutoranda Aline Corandi. O estudo está na fase inicial e os fungos que serão usados na pesquisa foram coletados no início do mês.
Alunas e pesquisadoras coletam fungos às margens do Rio Acre para projeto de pesquisa — Foto: Arquivo pessoal
O professor Ildercílio explicou que alguns cogumelos e fungos já são usados pela medicina em tratamento contra tumores. Daí, então, o grupo buscou na literatura científica fungos encontrados na região acreana com componentes antioxidantes e que podem apresentar um efeito citotóxito.
"Por isso vamos fazer esse ensaio que chamamos de funcional, que é baseado na visualização do efeito. Hipoteticamente tem um componente no extrato com efeito antitumoral e agora vamos colocar em prática. Colocar o extrato do fungo em contato direto com a célula tumoral e ver se o efeito ocorre", complementou o professor.
Câncer de mama
Ainda conforme o pesquisador, o teste será feito, inicialmente, em células de câncer de mama, mas futuramente deve ser usado em células de outras doenças. Ele diz que o câncer de mama será estudado primeiro por ser mais frequente em mulheres e um dos principais no mundo e no país.
Dados da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) revelam que, em 2021, 98 pacientes foram diagnosticadas com câncer de mama no estado.
"É um câncer importante para ser estudado. Futuramente vamos testar em outros tumores, ósseo, hepático, cerebral, mas o primeiro trabalho vai ser focado no câncer de mama. A gente agora vai produzir o extrato e nos próximos três a quatro meses e vamos ter o resultado para saber se consegue eliminar essas células in vitro", disse.
O estudioso falou também sobre a escolha do fungo orelha-de-pau.
"Tem uma coloração um pouco diferente, é meio avermelhada e é encontrado mais às margens de rios e lagos. O que a gente pretende é ver se essa molécula, esse extrato, inicialmente, tem uma atividade antitumoral e depois vamos tentar os possíveis componentes desse extrato e a gente vai seguir para ver se, mais na frente, o componente que foi feito consegue se tornar uma nova terapia ou servir até mesmo como auxílio nas terapias já existentes. O intuito é diminuir a toxicidade ou até substituir e utilizar somente nosso componente", finalizou.
Por Aline Nascimento, g1 AC — Rio Branco
19/07/2022 19h08 Atualizado há 14 horas
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