Clã Bolsonaro adquiriu metade do patrimônio em dinheiro vivo



Presidente e familiares próximos compraram 107 imóveis em cerca de 30 anos, segundo levantamento do UOL.

A família do presidente Jair Bolsonaro adquiriu quase metade de seu patrimônio em imóveis nos últimos 30 anos com o uso de dinheiro vivo. A informação foi divulgada nesta terça-feira (30/08) pelo portal de notícias UOL, que realizou levantamento patrimonial dos bens do presidente e de seus familiares próximos.

De acordo com o UOL, entre 1990 e 2022, membros do clã Bolsonaro usaram repetidamente grandes somas em dinheiro para pagar apartamentos, casas e terrenos em cidades como Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo.

Bolsonaro e seus parentes mais próximos compraram 107 imóveis ao longo de três décadas - e pelo menos 51 deles foram adquiridos total ou parcialmente com dinheiro em espécie, revelou o UOL.

Para chegar ao dado, o portal de notícias analisou, ao longo dos últimos sete meses, 1.105 páginas de 270 documentos requeridos a cartórios de imóveis e registros de escritura em 16 municípios, sendo 14 deles no estado de São Paulo. O UOL também percorreu pessoalmente 12 cidades para verificar o destino dado aos imóveis, além de consultar processos judiciais.

O levantamento levou em conta o patrimônio do presidente, de seus três filhos mais velhos, de sua mãe (já falecida), cinco irmãos e duas ex-mulheres.

Uma das propriedades, uma mansão na zona rural de São Paulo, teria sido adquirida por 2,67 milhões de reais pelo cunhado de Bolsonaro, que supostamente usa o apelido de "Jagunço".
Rachadinhas

De acordo com o UOL, as compras registradas nos cartórios como com pagamento em espécie somam R$ 13,5 milhões. Em valores corrigidos pelo IPCA, o valor equivale a R$ 25,6 milhões nos dias de hoje.

Já transações por meio de cheque ou transferência bancária envolveram 30 imóveis, totalizando R$ 13,4 milhões (ou R$ 17,9 milhões nos dias de hoje).

Além disso, não foi possível identificar a forma de pagamento de 26 imóveis, que somaram pagamentos de R$ 986 mil (R$ 1,99 milhão em valores corrigidos pelo IPCA).

Após a divulgação da reportagem do UOL, Bolsonaro reagiu com indignação. "Qual é o problema de comprar com dinheiro vivo algum imóvel?", disse o presidente.

Para o colunista do UOL, Leonardo Sakamoto, os pagamentos em espécie podem indicar lavagem de dinheiro.

"Você não precisa ser um gênio financeiro para entender que o uso de grandes somas de dinheiro para comprar um imóvel é um meio de lavagem de recursos de origem ilegal", disse.

Há anos, pesam sobre a família Bolsonaro acusações de envolvimento em "rachadinhas", esquema de desvio de parte do salário de assessores parlamentares. O clã Bolsonaro nega.

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