Medidas necessárias do novo presidente causam chiadeira, mas não há perigo de fuga de capitais, afirma economista e ex-banqueiro; veja vídeo na íntegra
Lula e Eduardo Moreira (Foto: Divulgação)
Opera Mundi - Classificando-se como “um socialista convicto”, o economista e ex-banqueiro Eduardo Moreira defende que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva deve tomar as medidas necessárias para reduzir as desigualdades no Brasil, sem dar atenção aos “chiliques do mercado”.
“Tem que tocar o barco fazendo o que tem que ser feito, e o mercado vai se ajustar. Vai ter uma chiadeira danada, mas no dia seguinte é vida que segue. Vão tocar o terror, mas é tudo papo furado. Não vai acontecer nenhuma fuga de capital”, afirmou em entrevista ao jornalista Breno Altman, no programa 20 MINUTOS desta segunda-feira (21/11).
Fundador do Instituto Conhecimento Liberta (ICL), plataforma online de cursos em diversos campos do conhecimento, Moreira compara o onipresente mercado com o "centrão" da política, um núcleo disposto a negociar com quem quer que esteja no poder, independentemente de inclinação ideológica.
“Os ricos, coronéis das cidades e dos estados que compõem aquele centrão, vão ter a luta de classes nas suas preferências, na moral que dizem praticar. Mas na relação institucional vão estar sempre junto com quem estiver no poder”, inicia, caracterizando o bloco político conhecido como Centrão. “O mercado financeiro é igualzinho. Estava com Jair Bolsonaro, Paulo Guedes era um deles, comprando subsidiárias da Petrobras. Quando Lula aparece como favorito nas pesquisas, pedem para sentar na mesa com ele para negociar. Alguns dão o primeiro passo para parecer mais amigos”, ironiza.
Ele aponta um traço peculiar do mercado brasileiro, o de aparentemente ser portador de sentimentos. Afirmando que não vê no horizonte nenhum movimento que indique alguma mudança estrutural na lógica perversa do mercado, Moreira interpreta o “nervosismo" exposto nos meios de comunicação diante de falas em que Lula afirma que vai privilegiar a responsabilidade social à fiscal como uma "disputa é por poder".
Moreira chama atenção para o modo como os seres humanos por trás do mercado tratam, por exemplo, as pessoas que são suas subordinadas. “Perguntam ‘você tem empregada doméstica?’, “a sua dorme?”. Ela é uma propriedade deles. Em várias casas do Brasil há mulheres que dormem em depósitos, muitas não têm nem uma janela, e estão à disposição da patroa das 6h da manhã às 11h da noite, de segunda a domingo. Tinha que haver uma lei proibindo isso”, disse.
Bancos privados
Afirmando que o sistema bancário brasileiro deveria ser 100% estatatizado, Moreira afirma que a chantagem será o instrumento de negociação do mercado com Lula, com os bancos à frente e a mídia oligopolizada como porta-voz.
À época do impeachment de Dilma Rousseff, Moreira integrava o mercado e gravou um vídeo defendendo a deposição da presidente, “para agradar meus sócios no banco”, como justifica hoje.
“Eu simplesmente não era engajado politicamente. Queria ganhar quanto dinheiro conseguisse no mercado. E no mercado existia uma crença de que se Dilma fosse impedida, o mercado ia melhorar, a Bolsa ia subir e a gente ia ganhar dinheiro. Minha participação era tão pobre e superficial quanto essa”, disse.
Fonte: brasil247.com
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